FERIDAS DO SILÊNCIO

Não dá para versar :

A tinta seca

A pena voa

A letra falta

A voz tremula

O peito para...

Não, não dá para rimar:

A dor não cessa

A luz não volta

A flor não brota

O olhar cego

Nem lacrimeja

Sim, só há o nada:

Não há sussurro

Não há gemido

Não há marulho

Não há fanfarra,

Nem primavera

Resta meu eu:

Vil erva daninha

No sulco da rocha

Jogada ao sol

Exposta ao vento...

Sem flor ou alento

Vivendo...sem viver !