LÁGRIMAS

Choro manso de tristeza,
Peso anoitecido da incerteza,
Gigantesco vazio se apruma,
E nele meu olhar se movimenta,
Perdido como uma bruma,
Nas horas enigmáticas, lentas.
Choro de estranha saudade,
Gotejam no eu em destroços,
Saudade de um tempo de leveza,
Em que o amor supria necessidades,
Enchia de sonhos os momentos nossos,
Repletos de luminosidade.
Choro de uma alma enferma,
Decepcionada com ela mesma,
Um amor assim, não poderia acabar,
Mas, acabou; alma só na margem da estrada,
Tentando se recompor, se restaurar,
Sentir que é algo no meio do nada.
Choro de uma alma acostumada,
Com outra alma, habituada com a comunhão,
Não com essa insólita solidão,
Com esse rumo imprevisível,
E nesse desespero, nessa desventura,
Apesar da lucidez possível,
A dor é indescritível,
E torna possível a loucura.


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MEU GRITO

 Eu choro a dor da saudade,
choro a tristeza da vida,
tu te foste - que maldade,
deixando minh'alma ferida,
a chorar o que perdi,
porque não há vida sem ti.
O desespero me toma,
sem mais ele chega, assoma,
queimando, ardendo, sem fim.
Porém, inda assim acredito,
que hás de escutar o meu grito:
te peço volta pra mim!

(HLuna)