27 DE FEVEREIRO

A dor é tão forte

Como espada corroída

Reabrindo a ferida

Há muito soterrada

E não resta nada

Além de meu sangue

Além de minhas lágrimas

As dores pálidas

A compressão na fronte

Um tremor que não esconde

A febre subterrânea

E a morte subcutânea

No cérebro arde

Incendeia

As idéias suicídas

E as contradições

Sem nenhuma advertência

Sofro direta interferência

Das divindades ecléticas

Sempre soberanas

Mas nada mais que

Humanas

Me enganam

Me esganam

Me sufocam

Me colocam contra mim mesma

Espalham sobre a mesa

Tudo o que eu creio

Embaralham e queimam

E transformam em circo

Minha dor mal-disfarçada

Morro na calçada

E viro novamente

Pó de mico

E argila

Que se moldam

Conforme a vontade

Do ser mais forte