O Eremita
Nasci, cresci vivendo em um casulo
Não porque quis viver dessa maneira.
Talvez por fuga do mundo eu me anulo
Trás pontos bons em outros trás canseira.
Não se destorce a teia do destino.
Podemos sim; melhorar o caminho.
Mas, quando a alma vem em desalinho,
À mente em sombra luta em desatino
Sou a centelha acerca do arvoredo,
Agonizante eu vou seguindo os trilhos.
Transformo a lágrima em gotejo folguedo,
Morrendo eu vivo equilibrando em trilhos.
Nasci coberta por banco de areia,
Tive um luar opaco cobrindo a lua.
Frágil instrutura lutando semeia
De olhos negros sinto a pele nua.
Quando mais tarde encontrem esses meus versos,
Alguns dirão; Que mente destrutiva!
Mas os poetas que vivem aos reversos,
Entenderão ao lerem essa missiva.
Tantos poetas dizem do imaginário.
Outros preferem compor somente do Amor.
Mas ha quem diz em contas de um rosário,
Inebriados e intensos escrevam da dor.
Goretti Albuquerque.