O CORPO

Não aceitou a senhora pobreza,
Reinando com indelicadeza,
Na sua instável tapera.
Queria morar em Ipanema,
No ultimo andar,
Com vista de frente pro mar,
Estar na tela do cinema,
Queria ser quem não era,
Ser... e não apenas, sonhar...
Frustrada com sua natureza,
Em um gesto de estranheza,
Estendeu o corpo sobre a linha.
Interrompeu as primaveras,
O futuro que ainda tinha.

O trem cortou em tiras o dia indefeso,

O corpo gemeu sob o seu peso.


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EQUILÍBRIO

Nas larguras de um meio fio
Tem que se equilibrar
Não é fácil por ele caminhar
Mas ser forte como um navio.

(Daniel Campos)