Favelômem

Favelizo os meus olhos

e não vejo a alegria

e as ruas que cruzo

não estão vazias.

Há nelas perdidas balas

que admiram a morte

e nos tiram a sorte

de viver!

O crime é guardião do submundo,

esperança do imundo,

o amanhã do ontem

que nunca prestou.

Favelizo o meu olhar

e já não sei rezar,

não tenho mais o mundo.

A favela sou eu e minha alma.

Peço calma, agito-me, ouço o mundo:

fala-me dizendo tudo....

um tiro!