TEM UM GATO NO MEU QUINTAL
Tem um gato no meu quintal!
Miserável vagabundo ousado
Anda por aqui como se fosse rei
Ordinário e metido bichano
Tem um gato no meu quintal!
Nem acredito quando o vejo espreitar entre as roseiras
Olhos amarelos estreitos em fenda
Cauda serpenteando na expectativa do bote...
Do próximo bote!
Tem um gato no meu quintal!
Como pode ser? Eu não entendo...
Temos dois cães aqui em casa
Barulhentos... aguerridos territorialistas...
Como pode o gato estar aqui?
Tem um gato no meu quintal!
Pelo sujo manchado amassado
Não é jovem o felino posso ver
Não é jovem não!
Quando surge o novo dia ele me espia junto a minha cerca
Desconfiado... desafiador...
Tem um gato no meu quintal!
Cretino malvado caçador de pássaros eu sempre penso
Mas...
Mas...
Hoje o vi como nunca antes
Mancando, cansado
Parece enfermo
E que marcas são aquelas em seu dorso?
Que estranha e longa cicatriz e esta quase cobrindo seu olho?
Oh felino que terríveis batalhas travastes?
Terá sido contra rivais?
Contra cães?
Contra homens?
Que força e esta que o impele a continuar vivendo?
Que teimosa e maravilhosa força e esta que o faz insistir em permanecer no mundo?
No meu quintal?
Já não é jovem eu disse!
Sim posso ver... já não é jovem!
Quanto tempo ainda tem?
Olho para os cães (guardiões falhos de meu lar?) e penso que talvez eles já soubessem do que ate então eu não sabia sobre o gato!
Afago a ambos sentados em meu alpendre vendo a forma fugidia do gato entre as flores
Tem um gato no meu quintal!
Afago os cães murmurando baixinho...
Deixem-no onde esta... apenas deixem.