Dores

A dor de Maria

difere da dor de João. E da dor de Gonzaga. Da dor de Platão.

A dor de Maria corre pelos

pêlos

cabelos

Corre, bagunça seus pensamentos e não foge.

A dor de João queima o rosto. A dor de Gonzaga congela a alma.

A dor de Platão não existe.

A dor de fulano é inventada.

A minha não, é a dor maior. Não dói, a dor engole-me

e eu coitada, durmo.

A dor de Maria faz os dias amanheceram como conquista, como vitória.

A minha dor não cura nada. Não mais conquista

nem um afeto.

A minha dor só dói.

Como a de tantos.

Mas sendo dor,

passamos a ser iguais.

A dor faz com que a humanidade

torne-se mais humana, ou não.

Ei João do cabelo aceso no fogo, na fornalha.

Ei Maria que acorda no banco da praça.

Ei você enfurecido com a unha quebrada.

Nossa dor não cura,

mas existe.

Tua dor é dor.

É dor,

É dor

É dor

e dói, e isso não basta?

Não basta?

Tayla Ferreira
Enviado por Tayla Ferreira em 26/06/2013
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