ALMA VAZIA

A noite vai tão devagar para o seu destino,

o silêncio que a acompanha é profundo em saudades,

lembra um amontoado de melancolia murcha

vagarosamente iniciando a madrugada.

A tocha do novo dia ainda está apagada,

mas já se vê ao longe os gritos, cândidos,

suaves da natureza para dar via ao novo amanhecer.

Enquanto isso, longe dos sorrisos,

tento sorrir para mim mesmo, e busco sorrir,

embora o espelho, impassível, só mostre

um rosto cansado e amargurado.

Demorada noite irritante que

não deixa a madrugada gerar o alvorecer

Vontade de abraçar seu corpo e me sentir feliz,

de beijar seus lábios carnudos e me sentir completo,

de sentir teu calor e pegar fogo em mim.

São esses anelos que, de súbito,

se agarram ao meu coração e grudam na alma.

Todavia são apenas vãos desejos

que morrem, cansados, no meio do caminho

destruindo-se à guisa de autoimolação,

quiçá mortificados pela indiferença fremente

do teu aborrecido olhar distante.

Muitas vezes chora a minha alma vazia

e suas lágrimas inundam-me o coração,

de forma que dói-me sobremaneira

e apenas eu sei a dor que me vai no âmago,

nada e ninguém as pode enxugar

posto que na alma, no recôndito de mim.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/06/2013
Código do texto: T4355480
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