Semoto
Não posso mais fingir sorrisos
Não há mais sonho nem meta
Com o coração e a alma indecisos
Somente o vazio me completa
À escuridão já estou acostumado
Meus olhos não suportam a luz
Tantos anos sem ninguém ao lado
A tristeza me guia, à dor conduz
Cada célula do meu corpo anseia
Pelo fim desta batalha difícil
E que o sangue seque cada veia
Pois viver tem sido um sacrifício
Não me importo se acabasse agora
Eu queria não sentir mais dor
Assim não mais botaria pra fora
Cada razão para abalo ou rancor
Pois estes poemas que eu escrevo
São cheios de sangue em cada letra
Admito, falo aquilo que não devo
Minha vida foi cheia de "et cetera"
Não, nada é inspiração poética
Existem lágrimas em cada rima
Uma dor latejante e frenética
Não existe nada que a reprima
Queria que no fim destes versos
Acabasse, finalmente, minha vida
Assim, os pensamentos dispersos
Dissipariam-se com esta partida
Então, eu vou acabar este poema
Caso eu desapareça, fique feliz
E peço, por favor, não sinta pena
Se morrer, terei, enfim, o que quis