Orvalho pela Face

Sobre a folha d’este entardecer

Frio e sem cor, versos e anversos

Deleitam-se trazendo do poente um cálice

No qual vinho servi e bebi em metáforas

Uma dor uníssona, vintage da canção!

D’uma nuvem cinza e parnasiana

Velas declaram-se em melancolia,

Deixando ao acaso palavras e silentes

D’um poema idílio construído ao içar da nau,

Partindo a esmo d’aura, sem luar a versejar!

A estação mensura-se, se chega

Pelas calçadas vazias, apenas o vento

Soa entre as pétalas secas e a noite parda

Quase infinda, a vida mistura-se, destina-se,

Ao lábio de mel, ao aveludar da flor!

Como um acrobata a esperança

Alça-se aos céus, as brumas do ser

Dos homens que na poesia acreditam!

Há uma lágrima triste no olhar,

Mas há outras deslizando pelo amor

Saltimbanco incontido no âmago,

Nos veios da rosa vermelha, orvalhada,

Única no jardim, na sempre vivencia do versar!

14/06/2013

Porto Alegre - RS