*ENVELHECIDA*
Saudades da menina de outrora
Resquícios vertidos de outra instância.
Pousados nas campanas das lembranças
Foi-se o dia que tornada foi senhora.
Dos sonhos vívidos à sombra das parreiras
Sol refletido ao milho de calor extenuado
Sangram pés de contornos mal cuidados
Misturado à colméia das abelhas.
Chora o tempo dos registros no alpendre
Da cadeira que balanças e das labutas
Espalhadas como sacos - cruas jutas
Como filhos renegando-se ao ventre.
Envelhecida, nobre face ainda bela
De vincados filamentos como o cânhamo.
Chore, não! Nesse olhar ainda castanho
Brilhe a luz no interior de tua capela.
Canos, 05 de novembro de 2006/RS
Poema inspirado nos poemas *Menina* de Sandra Ravanini e *Senhora* de Milamarian.