QUANDO AS ESTRELAS SE TRANSFORMAM EM AZUL(poema de amor/tristeza)
Poema inspirado naquilo que vou sentindo ou que senti no “Ensaio sobre a Cegueira” do nosso Nobel Saramago na belíssima música dos “The Coors” com a participação de Bono”When the stars go blue"
Foste a primeira a quem eu disse “amo-te”
Palavras lavradas e levadas pelo vento divinal
Porque como tu Minha doce
Amiga nos meus infinitos mundos nunca vi nada de igual
Sinto-me um cego a dançar a música do amor
Ele não sabe para onde vai, mas vai bem pois sabe o caminho de cor
E para ele…a vida não é um túnel sem luz, tem toda a luz do mundo
Pois é a luz que o amor produz
Mas é uma luz ao mesmo tempo negra e sem alegria, sem participação
Da cor dos mil pedaços em que se partiu o seu coração
E para onde vai ele? Vai para algures na sua vasta imensidão
Vai ter com as suas amadas estrelas que são o cobertor para a sua fria solidão
E ele continua a dançar por estranho que pareça nessa dança eternamente a solo
Porque ele caminhando não caminhando tem que o fazer, tem que ir para qualquer lado, pois esse lado é o seu único consolo
E dizem-lhe que as estrelas só são amarelas, e vermelhas para quem delas se aproximar
Ele já lá esteve e foi lá que com o seu imenso calor decidiu cegar
Para não ver mais, para não se sentir tão sozinho, para não mais sofrer
Sentir sempre, mas só sob a forma do escrever
Que o faz sem parar do seu planeta de Princepezinho
No seu canto com o seu auto infligido carinho…
E as poucas pessoas que por lá passam ainda o ousam indagar
Porque ele não chorando, não para de chorar
Ou pelo menos de escrever
E ele com o olhar sem luz e opaco diz que esta é a forma mínima suportável de sofrer
E vai fazê-lo pela eternidade fora
Mesmo que o amor finalmente o encontre e ele sorria por fim
A tristeza alegre o consumiu para sempre
Talvez porque ele se sinta só por ninguém ligar ao que sente
E talvez ele não seja assim tão estranho
Porque talvez, como ele, haja mais pessoas assim
Que se revelarão
Quando as estrelas se transformarem em azul