AMARGA DESOLAÇÃO
AMARGA DESOLAÇÃO
Desolado, triste, ferido, calado
um rio de lágrimas se derrama
nas sombras da noite amargurado
o sorrir é somente pífia chama
Apagado, melancólico, angustiado
apenas o eco da dor se faz ouvir
ficou sombrio o mar encapelado
percebe-se no ar um lúgubre sentir
Nessa desolação que se desenha
um risco de derrota se denota
temo que a tempestade venha
isso já meu coração não comporta
Quão infeliz desperta o anoitecer
com sombras trêmulas, derrotadas,
só as estrelas, altas, refletem você
longínqua, em distâncias alopradas
É provável que a aurora não acorde
e talvez os pássaros não gorjeiem
pois o beija-flor não beija, morde,
os raios de sol não mais refletem
Não há mais borboletas esvoaçando
os pirilampos perderam sua luz
casais já não estão se abraçando
como está pesada essa enorme cruz