Maldita dor
Maldita dor que não passa, enche meus olhos d’agua e meu coração de aflição.
Maldita dor, que me esmaga, arrancando-me suspiros agoniantes.
Maldita dor... Que me mata aos pouco, levando vagarosamente minha força, meu amor.
Maldita dor, maldita... Que forma feridas incuráveis; que não deixa meu corpo descansar em paz.
Não me deixa dormir.
Não me deixa olhar no espelho sem sentir rancor, magoa.
Que me enche de vergonha e medo.
Eu não queria ter chorado, não quero chorar, não quero...
Maldita dor que me sufoca, não me deixa respirar...
Dor maldita que não passa!!!
Quero gritar, quero chorar!
Mas essa dor não vai embora, ela não me deixa...
Vai embora, por favor. Deixa-me em paz!
Vai embora!
Não quero mais chorar assim tão descompassadamente, soluços e gritos ardentes... Não quero.
Eu quero paz...
Dor que me rouba a alma, o coração.
Dor que me destrói.
Dor que rouba a razão e esmigalha meu coração...
Maldita dor...
Dor maldita! Maldita.
Maldita dor que me faz sofre, que não me deixa esquecer.
Que sempre me faz voltar a ser uma criança, frágil, inocente.
Que me faz rir da desgraça.
Maldita que me afasta do mundo, da vida.
Maldita que maltrata criancinhas, que molha o meu rosto com o salgado sabor da lagrima.
Triste lagrima cristalina que traduz todo o meu sofrer. Que constrói muralhas em banco de areia. Que me joga no mar.
Mar salgado e traiçoeiro, que me banha de desgraça e tristeza.
Maldita dor do abandono, que não deixa meu peito descansar, que me faz querer a morte, que me faz chorar.
Que faz eu ver meu mundo ser destruído, sem que eu possa fazer nada...
Está me sufocando, me matando...
Por que não me tira a vida de uma só vez??
Tenho que sentir essa dor e ficar calada, tenho que ver meu corpo imaculado ser violado, e não reagir...
Maldita... Maldita dor que me faz sofrer calada, que me faz fingir um sorriso fúnebre...
Melhor seria ser levada pela morte, me isentaria da dor, maldita.
Não posso mais dizer como a odeio, por quer não tenho mais como dizer maldita, maldita e maldita!
Que dor é essa meu Deus?
É como se uma faca fosse cravada em meu peito, estocadas de uma espada em minha alma.
Que fere, que sangra, sangra até a morte, morte de um ser imundo e inútil. A minha morte.
Morte da criatura desprezível, que um dia nasceu para descrever a voz – leitores – o que é a dor.
A maldita dor que consome o meu ser...
Um ser inadequado à vida inadequado ao mundo.
Um ser ordinário, que não merece o descanso da morte, nem a tormenta da vida.
Um ser que nunca deveria estar em lugar algum, um ser que nunca deveria ter existido.
Um ser que quer a morte, mas nem pra isso tem utilidade.
Ser imundo e mesquinho, que só pensa em si, em eliminar sua dor, sem saber que o mundo inteiro tem dor. Que todos choram todos.
Sem saber que a vida é dadiva de Deus, mesmo assim quer a morte...
Sem saber que essa dor vai passar, mesmo que ela leve sangue feridas, ela passa...
Passa quando a morte chega!!
E ela chega...