MISÉRIA
O pão é pouco.
O tempo é pouco.
A vida é cada vez
menos.
Respiramos pesadamente:
o ar nos envenena,
o calor nos sufoca,
dedos doentios apertam
as nossas gargantas.
Não há muito o que fazer.
Não há o que dizer.
Calados estamos,
calados permanecemos.
A miséria é silenciosa.
Como uma peste cinzenta.
Doentes estamos,
doentes permanecemos.