Hóspede

Pasmai seres dos quatro ventos,

Que as trombetas já dão novas à sutileza

Do dia em que, à minha porta batendo,

Fiz entrar não mais, não menos que a tristeza.

Como um vassalo ao seu senhor a recebi,

Ao meu regaço a aconcheguei tal que um filho,

Ao seu ouvido ternais palavras sussurrei,

Velei seu sono, como a um fruto do meu ninho.

Por certo a musa há de enxergar com nostalgia

Meu ímpeto de benquerer, ter simpatia,

Ao que se espera de imediato relegar;

Mas meu prazer, delírio de grandeza,

Foi ver, enquanto hóspede fiz a tristeza,

A alegria à porta, com insistência, a me chamar.

Eber Josué
Enviado por Eber Josué em 26/05/2013
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