Rua da profunda desolação
Ouvi nessa noite um grito sofrido de horror
Um grito estridente de uma alegria que se foi
Um grito ensurdecedor
Onde ecoava a dor
Indiferença faz o preço nessa hora
Madrugada amarga, onde me drogo me excito mórbido me desmonto apronto.
Acorrento-me, chorando rezo, me afronto me encaro.
Desfaleço em cima das cortinas
Acendo velas na loucura intensa de uma semipresença
Num canto escuro, onde encontro uma luz que me cega os olhos.
Vejo-te nua, numa rua de seis faces, duas idênticas e paralelas entre si.
Retas ou oblíquas, consoantes as suas faces laterais perpendiculares ou não à base.
Corro nesse pavimento, e me alimento de outros temporais.
Sobrevivo morrendo em pedaços e não me perco
Encontro-me em cacos num espaço euclidiano em busca de voz
Não ouço nada, apenas uma arritmia, que me tira o senso de percepção numa falta de ritmo intensa que me desconstrói.
Perco-me sem saber quem sou pra onde vou
Se estou nos seus braços
Ou nos braços de quem me criou transladado daqui pra La