Rua da profunda desolação

Ouvi nessa noite um grito sofrido de horror

Um grito estridente de uma alegria que se foi

Um grito ensurdecedor

Onde ecoava a dor

Indiferença faz o preço nessa hora

Madrugada amarga, onde me drogo me excito mórbido me desmonto apronto.

Acorrento-me, chorando rezo, me afronto me encaro.

Desfaleço em cima das cortinas

Acendo velas na loucura intensa de uma semipresença

Num canto escuro, onde encontro uma luz que me cega os olhos.

Vejo-te nua, numa rua de seis faces, duas idênticas e paralelas entre si.

Retas ou oblíquas, consoantes as suas faces laterais perpendiculares ou não à base.

Corro nesse pavimento, e me alimento de outros temporais.

Sobrevivo morrendo em pedaços e não me perco

Encontro-me em cacos num espaço euclidiano em busca de voz

Não ouço nada, apenas uma arritmia, que me tira o senso de percepção numa falta de ritmo intensa que me desconstrói.

Perco-me sem saber quem sou pra onde vou

Se estou nos seus braços

Ou nos braços de quem me criou transladado daqui pra La

Eder Marçal
Enviado por Eder Marçal em 20/05/2013
Reeditado em 19/10/2016
Código do texto: T4299346
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