Algoz
Vestia preto, com rendas bordadas
Embora parecesse pura
Era destruidora e devassa
Fingia encantar e cantava
A melodia do desengano.
Traçava meticulosamente seus planos
Nunca sozinha voltava
Igual cão feroz
Rosnava, avançava
Me acuava no canto.
lançava as últimas migalhas
Não pude proferir a palavra...
Na cegueira parcial
Que o torpor me causava
vivi de tal modo
No anonimato do ser
Não pude perceber
A porta rangeu...
Na penumbra
Seu vulto apareceu
Cingiu com seu cachecol minha cintura
O leito ficou vazio.
A morte me despiu
Dos velhos trapos
Dancei a última valsa
Com minha algoz
Que impiedosamente sentenciou o fim dos meus dias.
Polly hundson