Real e imaginário
A guerra é real.
Mas o inimigo é imaginário.
O sonho é real.
Mas a felicidade é imaginária.
O medo é real.
Mas a coragem é imaginada.
A perspectiva incide sobre o foco
E infecta o ambiente como flechas
Que alcançam o alvo.
Na mira um olho vê,
Enquanto que o outro olho
Apenas dispersa.
Um olho é caçador e o outro é a vítima.
Dualidade paradoxal reside em nós
Silenciosamente.
O espírito é real
Enquanto que o corpo é incidental.
A alma é real.
E navega sagrando os mares de indiferença.
Ancora na esquina da saudade e
brinca com as lembranças
Como se fossem castelo de areia.
O sol é real.
Mas o bronzeado é pretensão.
A lei é real.
A justiça é apenas uma quimera.
Muitas cabeças e pouca compreensão.
A lógica do julgamento está em
punir o réu e premiar o autor...
Ou punir o autor e premiar o réu.
Vigiar, punir e premiar.
Qual é a metafísica de uma sentença?
Dirão, alguns, que nenhuma.
Dirão, outros, que materializa o bom senso.
A sentença é uma espada enferrujada que
ganhou um banho de metal novo.
Reluz muito e brilha diante do sol.
Por vezes só sua aparência é capaz de cortar...
Tal como a espada que é...
Por vezes, é uma alegoria de uma deusa
Que vendada, rendida
no auge de sua agonia, entrega-se
ao vencedor.
Sem saber que a guerra é imaginária
Mas o inimigo é real.