Os 260 mil que morreram de fome na Somália
em um planeta esplêndido
(ainda que já agônico...)
onde há regiões miríficas
de natureza vivída
e onde a vida é fantástica
onde a água é límpida
e há o esplendor telúrico...
neste mundo magnífico
entre o mistério cósmico
como podem, eu me pergunto atônito
reunirem-se bilhões de míseros
em lugares que são infindos túmulos
por entre águas que são mais que pútridas
amontoados como vermes fúnebres
sobre o lodo seco imundo esquálido
comendo lixo e o que houver de péssimo
por entre a doença a peste a pústula
onde nem há o consolar das árvores
e não há nada a não ser catástrofe
e mais adiante vê-se um campo onírico
onde o que é belo até se torna mágico
onde da vida há um fulgor titânico
e onde jamais puderam aquelas gentes trágicas
(e pior que trágicas, aqueles seres tétricos)
pisar a terra verde com seu passo trôpego...
a quem pertence neste mundo prático
as vastas terras desde lá o gênesis?
humanidade estúpida!
*Poema dedicado aos bilhões de miseráveis esquecidos pelo "progresso".
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