ELA

Ela sobrevivia
Do jeitinho
Que podia
Vendia cafezinho
Para os taxistas
Na madrugada
Ela sempre sorria
Dividia ternura
Tinha alma encantada
Se sofria
Fingia que não
Sempre dizia
Um dia
Vou ser artista
Vou brilhar
Na televisão
Ela era tão bonita
Merecia uma chance
De compartilhar
Sua nuance
Por outros ventos
Mas a vida é dura
Estranha caminhada
Cheia de rupturas
O querer não teve alcance
Alguém não permitiu
Broqueou o seu caminho
Com um gesto vil
E a menina utopia
Amanheceu morta - fria
Sobre o cimento.