Ando em pedaços.

Ando em pedaços,

procurando seus traços,

tateando em portas fechadas,

com todas as formas de contato ignoradas...

Ando maltrapilho de sentimentos,

tentando afastar nossos momentos,

buscando manter alguma sanidade,

com todas as minhas esperanças sumindo na claridade...

Ando em pedaços,

chutando bolas de aço,

sentindo a dor de ser esquecido,

com meu frio medo desejando ser aquecido...

Ando em círculos,

remoendo meus próprios vícios,

rabiscando lágrimas de um choro silencioso,

com meu coração corroído por meu ciúme malicioso...

Ando em pedaços,

caminhando sobre vidros com pés descalços,

respirando a falta de ar de minha solidão,

com meu espírito acorrentado em um porão...

Ando em viélas,

esperando uma morte piégas de novelas,

pensando na ausência que me magoa,

com meu amor aprisionado no fundo de uma lagoa...

Ando em pedaços,

tropeçando em meus percalços,

pintando no infinito minha tristeza,

com toda a brevidade de minha existência...