O PRANTO DOS MEUS OLHOS!
... e parecem ignorar
que poesia é tudo:
jogo, raiva, geometria,
assombro, maldição e pesadelo
mas nunca
cartola, diploma e beca.
(Oswald de Andrade) SP, 19/3/1949.
O pranto dos meus olhos!
A torneira pinga pingos
Que ressoam na minha solidão
Quebram o silêncio noturno
Maltratam-me o coração
Ping! Ping! Ping!
E eu não consigo dormir...
Dos meus olhos pingam lágrimas
Por causa da violência lá fora
Pela banalidade do crime
Que me faz chorar agora
Ping! Ping! Ping!
E eu não consigo sonhar...
A torneira, alguém consertará
Se vou enfim dormir, não sei...
Também se vou sonhar, sei não...
Porque o pranto dos meus olhos
Ping! Ping! Ping!
Quem é que vai fazer parar?
04/07/2010 - DILSON - NATAL/RN.