Talvez...
E essa tristeza profunda em meu peito, intrometida que só, veio assim, sem convite.
Essa tristeza é mesmo reflexo desse vão, desse vazio inexorável. Ela é, talvez, algo de solitário, que também por medo de estar só, resolveu me acompanhar.
Eu, educada que sou, não posso assim, inopinadamente expulsá-la. Preciso antes ouvi-la, saber a que veio.
Meu medo é que ela seja muda e que vá ficando, mesmo sem ser querida. Meu medo maior é que eu me acostume a ela.
Sinto falta do meu sorriso, mas daquele sincero, despretensioso, que vive pela graça de sua própria existência.
Esse, há algum tempo partiu, foi por aí sem dar notícia, sem dizer quando volta.
E eu talvez até saiba onde encontrá-lo, mas é que também me habita um austero cansaço, daqueles que ninguém pode compreender.
É que me parece que se aproxima a hora da partida, talvez de volta para o lugar de onde vim.
Talvez a passagem para o lugar de onde venho esteja quase ao alcance.
E essa tristeza, tão profunda em meu peito, intrometida e que veio assim, sem convite, seja apenas reflexo desse vão, desse vazio inexplicável.
Talvez... Talvez!
(04-ago-2012. Reflexão sobre um momento - graças! - que passou.)