Falo ao mar...

Este vento frio que sai do oceano,

beijando as ondas,

feito colibri salgado,

é o tempo que notícias traz pra mim,

chorando tanto

como se houvera eu sido mar escapado.

O gelo procuro nas palavras presas e molhadas.

Falo-as alto para me ouvir sorrindo,

como uma execução da dor que no peito finjo

deixar amortecer

o que não sai ferindo,

pousando em alheios corações,

nadando em ondas.

Ó mar, a água é tua, o céu é meu.

Nuvens descem e sou eu te dando as mãos,

onde nascem as minhas esperanças.

Canto uma canção

sobre as ondas revolutas

de minha mansidão.

Sou eu quem choro,

sou eu quem imploro,

sou eu quem amo!