Se soubesses
O quão fundo enterrei meus pés
E o riso podre de Ades
Zombando da inutilidade de meus dedos
Da opacidade de meus olhos, dos meus medos...
Se soubesses amado meu...
O quão meu verbo é imperfeito,
Não atirarias impropérios a rasgarem a poesia
Aquecerias meus olhos,
Dirias coisas amornecidas
Se soubesses o quão cansados estão meus braços
Desta areia movediça
Não te desfarias em heresias
Ficarias imóvel
A reter um tanto mais de vida.
Minha mão cruzada ora afaga meu próprio peito
Se soubesses
O quão meu verbo é imperfeito,
Trarias flores ao cortejo
Se soubesses, darias um último beijo...