ETERNO FRIO

Já fui atropelado, em meu caminho,
sou um condenado, a andar sozinho,
pelas negras trilhas da solidão.
Hoje distante de carinhosos abraços,
sou colecionador de tantos fracassos,
sou, a última letra de uma canção.

Sou a batida mais forte das arritmias,
a frase mais feia de todas poesias,
já fui mandado para a Lua, para Antares.
Estou desprezado, ignorado pelo mundo,
o meu viver, já não vale um segundo,
já fui enviado, para o fundo dos mares.

Lembro, quantas vezes te desenhei,
em papelões, seu lindo rosto coloquei,
voce era a musa, a vida, minha ilusão.
Nos dois, quantas vezes em madrugadas,
quantas noites, lindas e enluaradas,
nos abraçamos forte,tamanha emoção.

Agora, escrevendo, não sei dizer mais,
o prazer que deu me, sobre os jornais,
quando éramos então, moradores da rua.
Mas numa tarde, um seu parente te levou,
recordo, quando chorando me acenou,
hoje, vejo sozinho, o nascer da lua.

Olhando vejo, essa avenida tão deserta,
pois levaram para sempre minha coberta,
o luar, a rua, sem ela, tudo e tão sombrio.
Só as lembranças de nossas madrugadas,
fica triste e sem vida, as nossas calçadas,
o meu mundo é uma noite, de eterno frio.


GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 28/04/2013
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