Vida Malograda
Vida odorífera que preenchia os pulmões
nos tempos de outrora.
És vida malograda, esta que hoje nos apresenta
sórdida e indelicada.
Tirastes de mim a redolência dos olhos
e o sorriso sincero de criança.
Penumbra cinza que cobre a face do ser,
obscurecendo o policromo da vida.
Eviterno retorno que não cessa
Rebobinando a fita cassete de nossa vida
Como um filme que se repete monotonamente
Esfalfando nossas vidas presente,
pela incerteza do amanhã,
assim trilhamos por áscuas dolorosas.
Carregando cruzes que não são nossas
Rumo ao calvário umbroso da morte
Onde habitastes a criança que fomos?
Aquela que tinha o mundo no brilho dos olhos,
e tudo era visto como um sonho sublime.
Dorme em mim aquela criança?
Talvez perdida no limbo das lembranças,
chorando por ter sido esquecida.
A inocência que nos fora arrancada,
em troca da sobrevivência,
rasgou o véu da refulgência e
perdemos nosso mundo utópico
Felizes são as crianças por não saberem pelo que as esperam;
Na expectativa do que vir-a-ser,
tomam a ambrosia que as iludem com utopias futuras,
na esperança de coisas melhores.
Pois se pudessem prever sua árdua batalha vindoura,
entenderiam que não estão condenados à morte,
e sim à vida...