Nostalgia

Ah! Nostalgia, profunda,

Que revestistes em meu interior,

Espelhos rutilantes, que refletem

Realidades que não existem mais

Mergulhando o ser num poço de melancolia

Que te faz triste nos dias de ventura

Obscuro nos dias mais claros

Enquanto o presente oportuno

Escorre por entre os dedos

E a lívida sensação da vida

O faz querer morrer com o passado

Ah! Nostalgia, por que me feres?

És a maculada traça das lembranças

Que nos tira um sorriso e uma lágrima

Lamuria-se pelas dores que tu causas?

Ou sorria-te ludibriosamente?

Vida que é feita de presente,

Que a toda instante não o é mais,

Futuro que nunca tocaremos

Passado que jamais voltará

Perco-me em pensamentos -

Perguntando-me - se a única realidade existente

É aquilo que não temos...

Mas nem por isto quero tiraste a ti de mim

Carregastes em teu seio aquilo que chamo de vida

O tênue fio que nos liga ao inexistente mundo das lembranças,

E nos faz reviver aquilo que foi bom

E a dor que assola nosso coração

Provém da existência nobre daquilo que um dia existiu...

És a vida que nos dá os papéis em branco

Para escrevermos nossa história

A nostalgia nos faz reler com felícia melancólica

E a morte traz o ponto final

Assinando com a inexistência,

O que de fato faz a existência

Que o fim é que torna as coisas mais belas...

Ah! Nostalgia, és uma faca de dois gumes

Cortante como lâminas

Mas confortante como o sangue que extirpa

Das veias do suicida...

Ah! Nostalgia, o que tu és na verdade?

O demônio das lembranças do passado

Ou o anjo que representa aquilo que um dia foi belo?

Nishi Joichiro
Enviado por Nishi Joichiro em 22/04/2013
Reeditado em 22/04/2013
Código do texto: T4253686
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