De Lá de seu Quarto

Morreu por ter valido a pena

O homem que, em quatro paredes,

Na imensidão de sua clareza,

Completava-se com a escuridão.

Desperdiçava o que matava a sua sede.

O túmulo em que agora descansa - sua única rede,

Sacia-se de sua beleza em decomposição

(A saudade depravada daquele escarrado coração).

O homem que morreu por ter valido a pena

Assassinou a liberdade do suicídio.

Dos beijos amargos que ela lhe concedeu,

Para de nada ter-lhe valido,...

... Por ter valido a pena.

Ah, que pena!

Nunca houve a pena.

A morte o aconchegou em seus braços inimigos.

Enfim, ela o afagou.

De lá de seu quarto eu ouvia seus apelativos gritos:

-A morte reconhece a vida plena!

Agora ouço o silêncio do lamento do seu espírito,

Pela sua vida apenas ter valido a plena pena.

EA
Enviado por EA em 20/04/2013
Reeditado em 12/04/2015
Código do texto: T4251203
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