De Lá de seu Quarto
Morreu por ter valido a pena
O homem que, em quatro paredes,
Na imensidão de sua clareza,
Completava-se com a escuridão.
Desperdiçava o que matava a sua sede.
O túmulo em que agora descansa - sua única rede,
Sacia-se de sua beleza em decomposição
(A saudade depravada daquele escarrado coração).
O homem que morreu por ter valido a pena
Assassinou a liberdade do suicídio.
Dos beijos amargos que ela lhe concedeu,
Para de nada ter-lhe valido,...
... Por ter valido a pena.
Ah, que pena!
Nunca houve a pena.
A morte o aconchegou em seus braços inimigos.
Enfim, ela o afagou.
De lá de seu quarto eu ouvia seus apelativos gritos:
-A morte reconhece a vida plena!
Agora ouço o silêncio do lamento do seu espírito,
Pela sua vida apenas ter valido a plena pena.