UM
Há versos que dormem
na beira de um lago
de sabor amargo
sonhado por mim
Em mil pesadelos
contorcem as letras
que, obsoletas,
desfazem-se afins
Há versos que dormem
no meio da rua
com gosto de lua
em fases de mim
Ditando-me frases
de bases tão cruas
expõem-me ao acaso
descaso sem fim
Há versos que dormem
e eu, acordada,
tateio, em olhares,
lugares sem fim
Lambendo meu pranto
me atiro no leito
nem busco no peito
nem busco em mim
Um verso imperfeito
na certa, acordado,
tranquilo e sereno
querendo o meu sim
UM - Lena Ferreira - março/13