ANTES DAS SEIS

Pela madrugada afora,
Uma alma se perde - se procura...
Solidão voraz - se faz senhora,
A senda é sinuosa, obscura.

Pela madrugada extensa,
Uma alma incompleta, se inquieta,
Se sente fora de si, adensa,
Parece alma de poeta.

Pela madrugada calada,
Uma alma erra... se imagina,
Coma asas de anjo, prateadas,
Voando longe da dor, das ruínas.

Pela madrugada de estranha paisagem,
Uma alma se recolhe em qualquer canto,
Sem asas, sem sono, sem coragem,
Impossível esconder o pranto.

Pela madrugada nublada, vazia,
Uma alma se desalinha,
Se esvaece, entristece a poesia,
Essa alma é a minha.