QUIMERAS MONSTRUOSAS


Esvaziei-me de mim. 
Tenho apenas um coração 
Fora de compasso a fim... 
De encontrar solução. 

Nada! Nada!... 
Fala-me... Nada faz. 
Vejo apenas um buraco 
No meio do nada. 

Nada sente: 
Sequer tristeza, 
Tampouco dor, 
Será fraqueza...? 
Ou talvez amargor 
Quiçá uma alegria... 
Insistente melodia! 

Num plano maior e, ou, 
Desconhecido de mim 
Onde... Onde Eu estou...? 
Vivo a procurar-me enfim... 

Aonde nada acontece - Parou! 
O silêncio é profundo nem um ruído 
Até a inspiração não me encontrou... 
Não!... Num coração mudo e moído. 

Sou como um pássaro fugindo... 
Das quimeras monstruosas - feras 
Que me perseguem nesse infindo 
Vazio. Medo? Sim de passadas eras... 

Antigo deserto da solidão ora exposto... 
Eu sem mim, sem conexão – orbe. 
Sentia só o vento tocar no meu rosto... 
Quebrando o silêncio do meu deslumbre 
De um olhar fúnebre de um profundo desgosto! 


 



Mary Jun 
Recife,
30/03/2013