Sem Rascunho
A vida é assim:
Sem rascunho.
Por onde passa
Vai-se correndo em anos, décadas..
E é sempre assim:
Sem rascunho.
Nada é programado, nem projetado
Os dias passam em silêncio
E a ordem é alcançar
O dia seguinte: sem rascunho.
Desventuras, desapego, desilusões então!!!
Tudo vem em cascata e: sem rascunho
Ah! Pudesse eu passar do teclado à vida!!
Colocar nela a razão dos meus rascunhos amados..
Fazer sentirem a dedicação, a entrega
O “me entregar” somente a eles...
Tudo esboçado em um rascunho mal escrito
Mas dedicado...
E, por conseqüência, amado, amados.
Tudo certinho, mas somente no rascunho...
De entrega em entrega,
Sobrou-me um cantinho, beemmmmm lá no fundo
Um espaço em que sou solidão
Abandono e, até, um sentimento de desprezo.
E estes sentimentos, estes sim
têm rascunho:
Delimitados, bem pensados,
Num egoísmo que não enxerga nimguém:
Nem a mim...
Pedaço de vida que se entrega sem futuro,
Pedaço de mim
Que não tem nem rascunho...