FUNERAL DO HOMEM DO SÉCULO XXI
Febre contínua
Que lancina e avassala,
A violência marca
A ferro, a fogo,
Sáfaras e mágoas
A fúlgida retina das almas.
Por um tempo fugaz --- ao ouvir
Quando o sol bater na janela
Do seu quarto, da Legião Urbana ---
Recobrei a confiança na magmática
E magnânima estrela-mor da esperança.
No entanto --- ao terminar
A execução de canção tão altruísta ---
Recebo um banho de água fria,
Dado pela realidade-hipotermia:
Vagas de homicídio sádico, propina,
Egoísmo, perfídia e injustiça
Asfixiam a respiração dos dias. Auschwitz da Poesia!
Sentindo que a impotência
Está na iminência de me dar
Xeque-mate na partida da vida,
Rendo-me á opera do silêncio
Sem mais delongas, iras
Ou borbulho de elegias.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA