ATÉ QUANDO?
(Para um sobrevivente)

Eu fechado no quarto,
Ouvindo o meu pai gritar,
Desgraçada! eu te mato,
Se você não me respeitar,
Eu ouvindo as pancadas,
Os gemidos da minha irmã,
Meu pai com as garras afiadas,
Com um monstruoso afã,
Eu não via, mas sabia,
O que iria acontecer,
Minha irmã seria objeto de prazer,
Doía nela, em mim doía,
E eu nada podia fazer,
Eu era apenas, um menino,
Também submisso aos desatinos,
Do maldito genitor,
Eu acuado no chão,
Minha irmã agora, ao meu lado,
Nosso olhar de indignação,
O nosso pranto (i)maculado,
E por dentro, eu me perguntando,
Meu Deus! até quando...?