Poema desabafo egóico
Um dia me aventurei
e fui passear em sua nau
o amor ali encontrei
mas acebei me dando mau
pensava numa viagem sem volta
onde só nós dois fôssemos o destino.
mas a viagem foi sempre com escolta
porque entrei nesse dasatino?
você me deixou em uma ilha.
partiu, mas fica ainda rodeando
tenho que viver esta partilha
e ainda ficar te magoando!
plantamos juntos um belo jardim
Flores lindas nasceram lá...
agora abandonado cheio de capim
sentir o nosso amor não dá.
pensava que estávamos no mesmo barco.
construindo um só futuro nós dois.
mas tudo bem, sozinho agora eu arco
já que sem você não teremos o depois.
Tem medo de assumir que me gosta.
Não precisava admitir que me ama.
Agora prefere ficar de costa
E me deixar assim na lama.
sou mesmo um simples barquinho
que te levou a praias desertas.
viu lindas paisagens com meu carinho
mas as passagens deixamos cobertas...
por mim seu coração bate,
mas como não tem futuro
Prefere o seu encantado iate,
E no meu barco deixar um furo.
Pensas que meu barco vai a pique?
Que vou sofrer um naufrágio?
Ao fundo do mar quer que eu fique?
Não. Diferente será o meu presságio.
Você quer que o nosso amor sobreviva?
Pra depois resgatá-lo com uma bóia?
Acha que vou ficar sofrendo a deriva?
Abraçadinho com a nossa jóia?
Vou deixar esse barco pirata...
Deixá-lo ser tragado pelo mar.
Será que a esperança o resgata?
E o nosso amor o vai salvar?
Acho mesmo que acabou nosso mundo,
As flores murcharam, o barco afundou.
Está agora no escuro do mar profundo
O seu brilho, a sua luz apagou.
Sigo agora mesmo moribundo
Largado sobre o tapete da lembrança.
E sobre o nosso jardim eu circundo
No tapete voador da esperança!
Vá logo, viaje pra bem distante,
Não deixe eu ver seu verde lindo.
Leve o certo e deixe o errante.
Não quero te ver partindo...
Colhi todas as flores e as carrego,
Cuidarei de todas num vasinho.
Se perguntarem do tesouro eu nego,
Regarei-as com sangue, mas quietinho...
Sorria e desfrute a sua vida...
Não olhe pra trás como fez no primeiro "não".
Esqueça que teve um dia a despedida...
Deixe que eu cuido de seu coração.
Viva mais trinta, cinquenta, quanto for!
Não sofra, esqueça desse homem-menino.
Não alimenta mais no nosso amor,
Siga como se eu não fosse seu destino!
Como um pontinho verás
No horizonte a nossa nau...
Deixe tudo sem dó pra trás...
Nem precisa mais dar tchau...
As ondas da vida irá me afastar
Pra outro distante continente.
Não terá mais lágrimas pra chorar...
Poderá seguir seu Dharma contente.
A dor, o sofrimento e toda bobagem,
deixa amor, que eu sozinho carrego.
Isso agora será minha eterna bagagem,
enquanto eu tiver ainda um ego.
Minh'alma pasma, a tudo assiste...
Sentada em nuvens branquinhas...
O que ela sabe, mesmo que eu liste
Em mais de mil linhas
Hoje será que você captar poderia?
Certo que a sua Alma sim concerteza.
Elas estão de mãos dadas na alegria
Desfrutando o Amor na maior pureza.
Aqui eu humano todo dual
Vivo o conflito, a rebeldia.
Fico assim meio mal
Desabafando confuso na poesia.
O barco afundou.
O jardim murchou.
O perfume secou.
Agora eu me vou.