Há tristeza. E se há, é.
É triste haver tristeza
E só por haver, triste é.
E de tão triste que é toda,
Tristeza não deixa de ser
O que é e tem de ser
Sempre tristeza.
Tão triste e sem beleza,
Não sem sua delicadeza
É a tristeza com certeza.
 
A solidão é triste, o silêncio também.
O vazio é triste, o abandono é mais.
E não amar não é bem menos triste
Do que não ser amado e amar demais.
A vida é triste, não viver também é.
Morrer é triste, não saber é muito mais.
A distância traz saudade que é muito triste,
Só não é mais triste do que o esquecimento.
O sofrimento é triste, não sentir é bem mais.
Tudo pode ser triste. Nada pode ser mais...
 
Triste é amar demais, querer demais, voar demais.
Triste é partir e ter de deixar tudo para trás,
Triste é não voltar nunca mais...
Triste é esperar a guerra acabar sem ter paz,
É saber que ninguém nunca mais vai voltar.
Triste é nem poder sequer sonhar mais...
 
É triste tentar não pensar e tudo mais
Quando tudo mais não se esquece.
É esquecer o que não sabe,
É não saber o que espera
É esperar o que não tenta...
 
Triste não é o inverno, é a primavera
Triste não é o inferno, é o céu que desespera.
Triste não é o eterno,
Mas o ínfimo do efêmero instante que passa,
É a desgraça de já ter vivido tanto
Uma vida dessa tão triste e tão sem graça...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 21/03/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4200274
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