Tudo mais simples
É simples.
É tudo terrivelmente simples, percebi.
Quando parei, diante da situação, com um olhar crítico,
sem ter a vista embaçada pela dor do momento,
por toda aquela paixão,
pelo efeito das palavras duras.
O amor distorce as coisas,
Como o fundo de uma garrafa de vidro.
Tira tudo do foco, faz coisas pequenas parecerem grandes, o longe parecer perto...
Doeu o que ela me fez,
doeu por causa do amor, de outra forma, não teria me atingido.
As mentiras não foram minhas,
não fui eu que fingi,
não fui eu que estive com uma pessoa, pensando em outra,
querendo outra.
Não fui eu que frustrei expectativas,
não fui eu.
Então, qual o sentido de me sentir mal por algo que não fiz?
A sujeira não foi minha.
O tempo levou a dor embora e a sensação de que eu iria implodir.
Aquela ânsia, que pressionava meu coração contra minhas costelas,
quase a ponto de parti-las,
foram todos embora.
O tempo embotou-me os sentidos
retirou o excesso de cores da minha vista,
vendo tudo em preto e branco,
agora, as coisas parecem tão mais simples.
Não há lugar para arrependimentos,
não de minha parte.
Talvez dela, um dia.
Ou não.