O Cego
Embarcou no coletivo, certo dia,
Nas primeiras horas da manhã...
O cego... Cego e nada via...
A mulher que o conduzia era sã.
O cego se esforçava para olhar,
Com seu olhar vazio, sem enxergar;
Porém, a mulher que o conduzia,
Puxando-o pela roupa o fez sentar.
Quem sabe, o cego ia ao centro,
Resolver os seus negócios na cidade...
Aquele pobre cego era guiado -
Pois era cego... E cego de verdade.
Durante o trajeto, o contemplei,
Fiquei a observá-lo... Ó quanto é triste!
Ser cego... Olhar e não ver
O mundo onde a luz subsiste.
Na parada, a mulher o fez saltar;
O cego, que não enxerga a luz...
Para ele tudo é treva... Nada vê -
Mas confia no guia que o conduz!