Post Mortem

"Tu, que dormes, espírito sereno"

(Antero de Quental)

Senti da morte a branca a mão

Sobre o meu corpo, me embalando;

Foi quando eu vi com emoção...

A minha mãe, que me abraçando

Me disse: - Filho, é hoje, e não,

Não tenhas medo, estou chegando;

Na morte vive a criação...

Ao mundo eterno estás voltando.

Eu, sorridente e sem noção

Me vi gelado, e me apagando

Senti parado o coração...

Meus Deus! Estavam me enterrando.

Me coloquei em oração,

Senti que todos me fitando

Cantavam tímida canção,

Também, como eu, iam chorando.

Já com delírios de paixão

Deixei que as cordas me abaixando

Acomodassem meu caixão,

Então, parti... de modo brando.

14 de Março de 2013