No fim de tudo é essa tristeza inconcebível,
mesmo aqui de onde olhamos, longe dela, sabemos
que a ela muito em breve chegaremos e cremos:
a agonia do fim é de uma tristeza insustentável.
 
No fim de tudo esse olhar para o que ficou,
as mãos postas, vazias, a boca seca, a garganta apertada
e este nó no peito.
 
No fim de tudo uma angústia que não tem mais jeito,
pretérito perfeito, futuro mais que perfeito
num presente imperfeito do imaginativo.
 
No fim de tudo esse ar carrancudo para tudo,
a vida que é essa batalha assim tão infame,
que enfrentamos tão sem coragem,
sem armas, sem força, sem esperança, sem escudo,
sem quem nos queira, sem quem nos ame.
 
No fim de tudo essa solidão desoladora,
feita de um silêncio aterrador e insuportável
e este vazio
que é mais vazio quanto mais pensamos nele
e ele inimaginável.
E nós no vazio vazios como ele,
desolados, derrotados e tristes
e tão efêmeros quanto mais sabemos
do fim inadiável no fim de tudo...
 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 06/03/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4174536
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