Ainda eu e Floberla
Saudades
Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte.
Que bem pensara vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte.
Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar.
Mais a saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca
Amargando-me
Meus passos são trôpegos,pesados
no arrastar-me carregando a dor
com alma e coração despedaçados
sigo perdida lembrando-me do amor..
Meus olhos são tristes,embaçados
de lágrimas choradas por desamor
envelheci,os traços estão marcados
por ter um dia acreditado no amor...
O meu sorriso não tem o antigo brilho
feia e deserta é a estrada que trilho
sob um céu sem estrelas,sem luar
Nesse vazio...amarga é a solidão
noites e dias em terrível escuridão
sem ter onde ir...sem ter como voltar...
Vera Lucia Pimentel