Crack

Maria Louca da Central,

a doida varrida da Pedra

acomoda sua figura suja

em qualquer figurino de Fedra,

mas sem um Trágico que lhe cante

percorre em vão a inexistente memória

em busca da própria história.

Mas história não há, leitor das Tragédias.

Pouca, pouquíssima, quase nada,

nem personagem Louca Maria de Fedra é.

Só se sabe que corre.

Da polícia e de quem diz que a socorre.

Corre avenidas, corre ruas, corre vielas,

mas chegada não há.

Só a fissura, só a gastura.

E a vida sem cura.

Maria Louca Doida Varrida foi filha noutra vida nessa não apareceu sem que se saiba como e foi irmã foi namorada foi esposa e foi gente na outra vida agora nao é só recheio de camburão internamento compulsório pois é tempo de turista o nosso dono provisório e depois devolva-na às ruas já que assim dizem os entendidos que volte aos manos bandidos e aos pacatos burgueses fodidos mas desespere-se não Crack mata rápido como tiro de fuzil não não somos grupos sociais falidos é tudo culpa da televisão de Wall Street e do Afeganistão Maria Louca Varrida da Pedra é outra face do auri-verde pavilhão.