Amaldiçoados
O rubro metálico mescla-se com as pérfidas linhas.
Aquelas purpuras sedas que vazam de teu altivo crânio.
Escorrendo pela terra fria.
Adentrando teu majestoso seio de copo de leite.
Pássaros noturnos cantam à manha vermelha.
Que desponta em meio a sinfonia fúnebre.
De vaidades fúteis que caem por terra.
Rainha de teu castelo de fracassos.
Seus olhos vivazes para sempre cerrados.
Uma única gota translucida a brilhar lhe na face.
Enquanto o sol em chamas toca tua pele de neve.
A derreter-se na relva gélida dos sonhos perdidos.
Que desvanecem nas asas de uma só borboleta.
Tão efêmera quanto tua forma humana.
Quisera poder tocar-te, fitar teu evanescente sorriso dêitico.
De fada e neve forjada, abençoada com cabelos de fogo vivo contrastantes.
Tu es o sonho que um dia sonhei.
Nossas mãos, por linhas vermelhas ligadas.
Pertencem a almas no principio dos tempos destinadas.
Que no alvorecer dos tempos foram separadas.
De seu universo paralelo assististe a cada nascimento meu.
E com o coração esmago, em toda morte que tive, choraste.
Enquanto cantarolava, no ar, nossa canção.
Rainha, que em meu coração es onipotente.
Domina minha mente, recheando meus sonhos.
Com gotas de orvalho de olhos de céu vazados.
Pagas o preço da inveja de divindades.
Amaldiçoados fomos pela cobiça que habita as almas divinas.
Tatuando em nossas almas a dor da perda de si mesmo.
Pois que tu es metade de mim.
Rainha do gelo confinada na eternidade.
De um mundo paralelo fitaste meus passos.
Enquanto alma e coração sangravam a essência da vida.
Tu, que era eu, e me foi roubada.
No momento em que teus lábios congelados.
Aos meus uniram-se.
O vapor fúnebre subiu aos céus em espirais.
Mas nossas lágrimas ao chão desciam.
Antecipando a nossa queda final.
Tu, que era tudo o que eu desejei.
Desfaleceu no chão frio da floresta.
Enquanto o sol nascente cálido.
Desvanecia seu corpo que gota a gota desaparecia.
De mãos dadas, em seu ultimo suspiro, sussurrou meu nome.
Eu a acompanharia ao inferno.
Eu iria com ela.
Rainha do gelo, que em meu coração queimava.