GOTAS DE AIS
Uma lágrima desce
No meu semblante,
Aturdido que estou
Com este ocaso...
Vai descendo
Espalhando o sal
Salgando a pele
E o coração
Com aromas de fel
E gritos de ardor
E comichão...
Uma e mais outra
Se seguem na descida
E vão povoando a face
Com humildes cristais
São gotas de vida
São gotas de ais
São minerais
Na face sentida
Aí vêm mais!
Já chegam aos lábios
Deixando o sal
E queima a saudade
Arrasa a verdade
Sentida e fatal
Esta água que cai
Sempre com sal...
Aproxima-se o lenço
De toque suave
Refinado e de cetim
Limpa-me a mim!
Limpa-me a mim!
Mas sequer se abre...
Eu que me seque...
Eu que me lave...
É sempre assim!