Queda

E de tanto que grito, calo.

E de tanto que falo, esqueço.

Mereço tanto o descanso.

Tanto o descanso mereça-me,

ele não vem.

E de tanto que oro, espero

E de tanto que berro, choro.

Ignoro tanto a dor.

Tanto a dor me ignore,

ela não passa.

Não cessa a noite

tão encrespada de estrelas,

brilho explícito do matírio

de meus olhos erguidos ao céu.

Não cessa a gravidade,

tão cheia de pesares,

verdades, pesados ares

a esmagar-nos contra o chão.

E de tanto que levanto, caio.

Retraio a visão e o coração fecha.

Inevitável é a queda,

do corpo ao solo,

da alma à eternidade.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 15/03/2007
Reeditado em 15/03/2007
Código do texto: T413171
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