Do Mundo.
Sou um pedaço do teu corpo.
Um pouco de tua miséria.
E do espaço que me poupo
Atrai a dor para estranha matéria.
Sofrimento tão nítido
Quando os choros estão a afogar.
E o mal que adentra o ouvido
Busca na alma o amor dizimar.
Esqueletos perdidos em campos vagos
Caminham tortos para não caírem
Enquanto outros, com passos largos,
Estão sempre a postos para os ferirem.
E o sangue que pinga da pobre veia,
Produzido por suor tão banal,
É o mesmo que mantem a casa cheia
Do rei deste maravilhoso inferno social.