O Corvo

Talvez um dia a vida se transforme em algo bom

enquanto ela atravessa a escuridão.

Um ser que vive nas sombras não esconde segredos.

por mais que a escuridão esconda seus olhos

da luz que se enxergue a verdade.

Mais uma mão cai sobre a cabeça abaixada,

culpada por erros insanos.

O olhar do corvo permanece a me cobrir.

Me deixando sem saída nas portas

de refúgio que deixei a vista para minhas mágoas.

Nada vejo além das sombras dos galhos

sobre os bancos da praça.

e um homem coberto de agasalhos

me olha através de minha janela.

Com um olhar triste ele me observa.

ou é a mim ou é o corvo que ele olha.

e se identifica.

Será eu esse ser solitário que ele vê?

ou um simples pássaro que escolheu

o caminho da escuridão para se esconder

das culpas de suas vidas passadas?

O que a lua vê quando esse homem

e esse pássaro olham pra mim?

o que eu sou para cada ser?

o que eu devo ser para

convencer a eles que vou me

tornar aquilo que eu sonhava ser?

e o que eu sonhava ser ao olhar do corvo?

além de um simples corpo que se move

em direção a porta que se abre

e ao sair se fecha com a pressão do vento

e me causa a impressão de que a qualquer momento

um vulto ou um lamento irá passar por mim.

Clara Brito.

Clara Britto
Enviado por Clara Britto em 05/02/2013
Reeditado em 05/02/2013
Código do texto: T4124287
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