O Corvo
Talvez um dia a vida se transforme em algo bom
enquanto ela atravessa a escuridão.
Um ser que vive nas sombras não esconde segredos.
por mais que a escuridão esconda seus olhos
da luz que se enxergue a verdade.
Mais uma mão cai sobre a cabeça abaixada,
culpada por erros insanos.
O olhar do corvo permanece a me cobrir.
Me deixando sem saída nas portas
de refúgio que deixei a vista para minhas mágoas.
Nada vejo além das sombras dos galhos
sobre os bancos da praça.
e um homem coberto de agasalhos
me olha através de minha janela.
Com um olhar triste ele me observa.
ou é a mim ou é o corvo que ele olha.
e se identifica.
Será eu esse ser solitário que ele vê?
ou um simples pássaro que escolheu
o caminho da escuridão para se esconder
das culpas de suas vidas passadas?
O que a lua vê quando esse homem
e esse pássaro olham pra mim?
o que eu sou para cada ser?
o que eu devo ser para
convencer a eles que vou me
tornar aquilo que eu sonhava ser?
e o que eu sonhava ser ao olhar do corvo?
além de um simples corpo que se move
em direção a porta que se abre
e ao sair se fecha com a pressão do vento
e me causa a impressão de que a qualquer momento
um vulto ou um lamento irá passar por mim.
Clara Brito.